
Ao sentar para meditar
Eu honro uma nova oportunidade
De me perceber no mundo.
Quais as posturas,
Os gestos,
As inquietações,
As dores e as buscas
Que me acompanham?
O que vem à tona
Quando acesso
O que é difícil
E o que é precioso
Para mim,
Para o outro?
Ao sentar pra meditar
No chão ou na cadeira,
Mais firme ou mais cansada;
Leve, tensa,
Livre, contida, neutra.
Eu permeio
A dinâmica que se processa
Ao estar aqui em um corpo
Ao lado de outros corpos.
Ao desejar uma pausa,
Um momento de contemplação,
Me posiciono
Um pouco para cá
Um pouco para lá
E vejo que ali está
O fluxo da própria vida.
Esta não é uma pausa,
É o meu ser que se encontra
– Cada vez mais –
Se familiarizando com a realidade.
Meditar é continuar.
Ao sentar para meditar
Eu desisto de planos antigos
De tudo saber,
De tudo tocar.
Eu sento pela primeira vez,
Reverencio o que já aprendi
E o oceano do não saber;
Por isso posso transitar
Para além dos meus domínios.
Relaxo quando posso
Ser
Além das limitações e virtudes
De mim mesma
E me abro para o devir
Do que sou com outros seres.
Meditar é acolher
O que vive
Dentro e fora de mim.
“Ao sentar para meditar”
Por Mônica Pedrosa Rangel
Recife, 30 de outubro 2020
