Textos

A antropologia pode e deve nos apoiar em nossas formas de convivência

15/09/2025 | Publicado em Reflexões

A antropologia pode e deve nos apoiar em nossas formas de convivência humana.

Estamos em um momento histórico em que isso é absolutamente necessário.

O nosso vizinho pode não só estar passando fome como também ter uma visão de mundo radicalmente diferente da minha. Minha visão de mundo pode fazer vê-lo como radicalmente outro e não é o outro exótico em terras distantes.

Ele está muito perto.
Como continuar existindo carregando essa diferença conosco? Como sentir que posso existir?

Como sentir com esse outro?

Mesmo nas semelhanças, onde há encantamento, também há entraves.

Como eu me sinto com relação a esse outro que é próximo e também distante?

Eu só posso sentir de alguma forma aquilo que eu tenho acesso.

É necessário tensionar o que já sabemos e ver quais as buscas, os valores, os desafios em jogo, o que temos oferecer, ou não temos.

Em vez de olhar somente de fora, a contextualização cultural precisa seguir junto ao olhar interior, à autorreflexão. Essa é a base das ciências sociais e da antropologia. Conhecer a si enquanto conhecemos o outro.

A antropologia é um conhecimento que se dá com sentimento, razão, empenho imaginativo e poético, olhando com maior abertura para nossa humanidade, nos posicionando diante dela. Não colocando o outro em um extremo oposto de nós.

Por isso a compaixão, a compreensão de que o outro faz parte de nós, nos mostra imbricados uns aos outros, mas também nos libera da sensação de não poder fazer nada. Há caminhos!

Acredito que a antropologia existe para ouvir das pessoas os caminhos.

Essa esperança na ciência que criamos para aprender a conviver é o caminho que venho buscando trilhar e é o meu convite ao propor uma Antropologia da Compaixão.