Recolher para desabrochar
Diminuir o passo não pra remediar a dor
Mas pra encontrar o que flui
Sem minha interferência
Quando sei nada de nada
Mesmo se apenas observo
Como se separada fosse
Dos movimentos diante de mim
É no instante de cada vez
Que subitamente vivo – em tudo?
As possibilidades se espalham
Nas águas da minha preciosa ignorância
– ilimitada
E me levam a um abraço profundo, submerso
Por não precisar cumprir nada
Antes de ser digna de ser
Já sou minha vã e amada sabedoria
Tudo o que acho que sei e não sei
Nesse instante recolhido aqui e agora
É tudo o que eu tenho
Para ser digna de estar
Diante de mim e de ti
Dou as boas vindas
A mim, a ti, a nós
Podemos estar aqui sem pré-requisitos;
Recolher, desabrochar, ser,
Com o que há.
Recolher para desadobrar, Mônica Pedrosa Rangel
