Textos

Projeto Cirandar: Vivência “Reconexão com as nascentes de nossos rios”, na Casa Criatura

23/02/2024 | Publicado em Notas

Há um tempo venho investigando como as maneiras de lidar com as águas do rio, antes de desaguar no mar, podem nos apresentar elementos biológicos, simbólicos e culturais sobre como nos relacionamos em nossos territórios. Esse tema vem fomentando criações novas aqui na Holos, como a vivência “Reconexão com as nascentes de nossos rios”, oferecida na segunda-feira 19 de fevereiro na Casa Criatura (Olinda), integrando a programação do Projeto Cirandar – Um movimento circular de cooperação em prol da preservação dos corpos hídricos na região metropolitana do Recife.

O Projeto piloto, premiado pela Agência Nacional de Águas (ANA) é uma iniciativa da Casa Criatura e da Ao Vento, com o objetivo de diminuir os resíduos plásticos coletados por cooperativas a partir do Laboratório de Educação e Design Circular que está sendo implantado. As atividades foram iniciadas com uma semana de trabalho que reuniu 20 estudantes da Escola de Referência em Ensino Médio de Olinda e uma equipe profissional multidisciplinar para juntos criarem mobiliários reciclados a partir do plástico.

Para iniciar as atividades da semana, que envolveram reflexões e trabalhos práticos e criativos com o material a ser reciclado, propus uma vivência para rememoramos com os estudantes que todo rio tem uma nascente, um ponto de início que requer determinadas condições ambientais (e inevitavelmente sociais) para existir, brotar da terra e seguir o seu fluxo. Juntos, meditamos e expressamos por desenhos como imaginamos o nascimento desses rios, trazendo os sentimentos que vieram nesse exercício:

Possibilidades, alegria, amor, vida, paz, felicidade, tranquilidade, superação, confusão, algo esplendoroso, esperança nas coisas boas, energização, nostalgia, expansão, espiritualidade, explosão, paz.

Em um segundo momento, através de nossas referências com as águas dos rios Capibaribe e Beberibe que nos circundam em Recife e Olinda, formamos um grande rio coletivo de novelo de lã, dessa vez com o curso criado livremente pelos estudantes, desde a nascente até a foz e a chegada no mar. Em volta do rio, fizemos uma grande roda embalada por uma ciranda que parecia saudar o projeto e toda motivação ali envolvida.

Esse movimento de sentir-se rio foi o despertar para a pergunta que fizemos ao final da semana de trabalhos “O que permite o curso do rio?” Aqui, além de sentimentos, os estudantes trouxeram suas experiências no envolvimento com as atividades do laboratório. Após terem participado de todo processo para construção de objetos como lixeira, barra de futebol, jogo de dama e caixa de achados e perdidos para uso na escola, eles trouxeram o que sentem manter um rio vivo:

Compreensão, naturalidade, o caos da humanidade, responsabilidade, noção, amor, cuidado, preservação, curso, respeito, Oxum, conscientização, reciclagem do lixo, Poseidon, senso, harmonia.

Os registros fotográficos abaixo das vivências do projeto são de Bernardo Matheus, da @subversolab .